quinta-feira, 17 de março de 2011

A mulher na arte... a arte na mulher


As formas femininas povoam os ideais dos artistas desde tempos imemoriais. E como compreender o sentido da arte na mulher?

Durante boa parte da história da arte vamos encontrar a imagem da mulher como representação do conceito terreno do amor, da fertilidade, da maternidade, da sensualidade e até muitas vezes, da futilidade.

Durante os séculos XVI e XVII, a arte desempenhou um papel importante na sociedade aristocrática e eclesiástica européia. Nesta época os pintores, homens por sinal, altamente treinados, tinham como seus patronos os líderes políticos, religiosos, científicos, e intelectuais. Deste período encontramos registros da arte de algumas poucas mulheres como Judith Leyster  e Rachel Ruysch .

Algum tempo depois, já no século XVIII, a idade da Razão, algumas mulheres conseguiram se destacar nos salões de arte de Paris, entretanto por um breve período de tempo.

No século XIX, quando mudanças sociais radicais afetaram a vida das mulheres, em ambos os lados do Atlântico, Mary Cassatt e Camille Claudel transferiram para os seus trabalhos o drama complexo de artistas. Artistas essas que, sendo mulheres, se viam restritas a confinarem-se aos conceitos impostos pelos preconceitos da época.

A primeira metade do século XX viu mudanças tecnológicas, filosóficas e artísticas muito grandes. A guerra alterara a maneira com que os povos vivenciavam o mundo em torno deles, mas ainda assim, são poucas as mulheres que deixaram de ser meros modelos para serem modeladoras.

Também, o geneticista Decio Altimari analisa a trajetória da mulher na arte por este mesmo viés: "a mulher na arte foi representada naquelas todas maneiras em que é ou musa inspiradora, ou veículo de alegorias (da Paz, da Justiça, da Ira, da Avareza, da Dúvida, da Guerra, da Ciência, da Fé, da Esperança, da Caridade, da Luxúria, da Peste e até da morte) ou, sobretudo, a atriz principal do milagroso mistério da reprodução na maternidade”.

Enfim, dentro do fazer artístico, no decorrer de tantos séculos, a mulher, enquanto criadora, permaneceu na maioria das vezes, uma excentricidade, embora este cenário aponte para mudanças radicais na contemporaneidade.

Mas qual seria a real potencialidade da mulher na arte?

O artista é, antes de tudo, um artesão: faz aparecer no espaço palpável e perceptível aquilo que antes era coisa imaginada. O gesto que se torna cor e dança, verbo e musica, movimento e quietude, em espantosa transmutação, desperta sentidos adormecidos na busca da experiência estética e constitui um terreno propício para o crescimento tanto individual como coletivo da feminilidade uma vez que permite que seus talentos internos aflorem.

Sendo assim, a própria mulher, dotada das capacidades de intuição que lhe são inerentes, repleta de conteúdo, irá descobrir a verdadeira medida do valor da mulher na arte e da arte na mulher. Cabe a ela, mais uma vez, lançar os alicerces para uma arte soberana, que mereça ser refletida e celebrada.


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