segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal - O Amor em nossas vidas


O primeiro presente de Natal que tenho lembrança foi um carrinho de boneca ... Presente de Papai Noel custa mais do que você imagina!
É esta história que gostaria de contar para vocês neste Natal...
 
 

Sempre e sempre evocamos as lembranças de Natal. Umas felizes, outras nem tanto... Eu tinha 4 anos. Os acontecimentos daquele ano deixaram a minha família desestruturada. Não houve árvore ou noite de Natal, mas pela manhã encontrei perto da minha cama um carrinho de bonecas, destes de vime, que imitam os carrinhos de bebê... Dentro dele apenas algumas balas – e eu havia pedido ao Papai Noel uma boneca!

Mas havia um bilhete: Papai Noel estava muito ocupado e não pudera providenciar a boneca, certamente no próximo ano ela viria...

Fiquei dias empurrando o carrinho vazio - a ausência da minha boneca sonhada. Levava os meus pensamentos de criança para passear:

- Como podia acontecer que ele não tivesse tempo?

-O tempo existia para o Papai Noel?

Em minha cabeça repetia as lições daquele ano:

- Fique quieta... Não faça barulho... Olha o presente de papai Noel...

- Não minta, se não papai Noel não trará seu presente...

Tantas recomendações e agora ele não trouxera a minha boneca?

Hoje sei que o “tempo” que faltara não era outro se não o dinheiro necessário para a compra do esperado presente. Mas na minha tristeza eu desconfiava que estivessem mentindo para mim! Se me enganavam sobre aquilo que para mim era tão sério – o que não fariam com os outros assuntos?

-Papai Noel existiria mesmo?

Alguns amiguinhos já haviam me contado que Papai Noel não existia e a partir da terrível novidade, passaram a enganar seus pais fingindo que ainda acreditavam para não parar de ganhar os presentes... Era um jogo. Crianças entendem de jogos e era assim que este funcionava: a primeira pequena cumplicidade em uma grande mentira...

Hoje, com a vida salpicada de tantas outras ausências, como tantos outros adultos, me pergunto: o que me é ausente neste momento? Ou serei eu a ausente?

Quando fui mãe, por dois ou três anos me esforcei em providenciar fartos papais noéis para meus filhos. Até o dia em que percebi que estava repetindo a mesma mentira que tanto me magoara quando criança, nos mesmos moldes, com a mesma ausência de amor verdadeiro. Sim! Por que o amor verdadeiro está intimamente ligado à verdade. Valeria à pena a perpetuação desta figura que nada mais é do que a máscara sórdida da ditadura do comércio em nossas vidas?
 
Você tem uma criança do seu lado? Pergunte a ela o significado do Natal.

- Se ela não souber sobre o nascimento de Jesus – conte a ela!

É uma história linda. É uma história verídica: a história da presença do amor em nossas vidas.

Feliz Natal!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

De onde vem a Inspiração?


A arte imita simplesmente a vida que imita a arte que... ou a arte é a própria vida?

Oscar Wilde dizia que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Seria isto verdade?

Tão antigas como a arte, as nossas experiências em querer entender a origem do processo criativo já nos levou a exaustivas pesquisas, na maioria das vezes sem uma resposta definitiva. De onde vem a inspiração?

Em seus estudos no livro “Do espiritual na Arte”, o pintor e músico russo Wassily Kandinsky indica que a arte nasce da espiritualidade.
Foi assim que o artista renunciou a representação figurativa tentando encontrar a relação absoluta entre a forma, a cor e o ânimo do contemplador.

O que acontece conosco quando entramos no jogo dos intricados significados da arte? O que é verdade e o que é ficção?

Joseph Campbell, professor e escritor norte americano de origem irlandesa, que ficou conhecido por seu trabalho no campo da mitologia comparada diz que
 - “Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos.”
Campbell, que nos incita aqui a ler os mitos, inclusive os de outras culturas, pelo poder da sua universalidade, cita em seu livro “O poder do mito” a interessante leitura sobre o  “Santo Graal”.

Também Richard Wagner, compositor e intelectual, ativista político e revolucionário, cujas óperas tiveram grande influência na música ocidental, dedicou-se à obra “Parcival” como seu último trabalho, onde o Graal representa uma força que sustenta os piedosos, proporcionando-lhes bebida e alimento.
Campbel vai mais longe quando afirma que “A vida espiritual é o buquê, o perfume, o florescimento e a plenitude da vida humana, e não uma virtude sobrenatural imposta a ela.”

Na obra "Na Luz da Verdade - Mensagem do Graal", o escritor e filósofo alemão Abdruschin discorre com propriedade:
" Somente a obra do espírito, isto é, a arte, sobreviveu aos povos, que desmoronaram pela atuação de seu raciocínio frio e sem vida. Sua sabedoria, tão altamente apregoda não os pode salvar absolutamente. Egípcios, gregos, romanos seguiram este caminho, mais tarde também os espanhóis, franceses e agora os alemães, - contudo as obras da verdadeira arte sobreviveram a todos eles!"


O tema fundamental nos mitos é a busca espiritual. Nesta busca nos aproximamos da arte e em nossa própria intuição encontramos uma saída para o enigma da inspiração.

Fátima Seehagen